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Segredos confessados a uma brisa de verão

Publicado —

13
Julho
2017
Segredos confessados a uma brisa de verão
O texto seguinte foi produzido por um dos participantes do 2.º Workshop Crítica de Cinema realizado durante o 25.º Curtas Vila do Conde - Festival Internacional de Cinema. Este Workshop é formado por um conjunto de masterclasses e debates com convidados internacionais e pela produção de textos críticos sobre os filmes exibidos durante o festival, que serão publicados, periodicamente, na página do PÚBLICO e no blogue do Curtas Vila do Conde.

Por Pedro Henrique

Nem sempre o tempo é medido em horas e minutos. Por vezes, está dividido em estórias perdidas e recuperadas e em conversas que não tem hora para terminar. No filme De Madrugada, de Inês de Lima Torres, quatro jovens partilham uma familiaridade fraterna de sangue e, mais importante, partilham uma pertença a uma narração que não está totalmente contada. Nas horas em que o sono não chega e em que o limbo da memória e das restrições está menos vigilante, entre os quatro irmãos explica-se o olhar distante da avó perdido na memória, confessa-se a história de um soldado que nunca regressou e de uma mulher que caminhava na areia à espera de o ver. Numa família, não se cresce apenas em anos, cresce-se também em revelações, amadurece-se na partilha de segredos que se vão contando, para que as figuras que povoam o nosso imaginário familiar recuperem o seu nome próprio, retomem a sua própria estória de vida. 

O filme utiliza maioritariamente planos interiores estáticos com uma luminosidade por vezes com pouca nitidez, não no foco, mas na criação de um ambiente de névoa, sem recorrer ao negro, para induzir um tempo que agora se tornou espaço de memória, da saudade e das conversas que se sussurram à noite. A voz de Amália Rodrigues na célebre cantiga “Quando eu era pequenina” é a vocalização de uma atmosfera sonora noturna permeada com o canto das cigarras na noite, onde sobressaem o latir de cães vadios e os chilreios exóticos de aves juntamente com o marulhar das ondas que investem contra o areal. Esta é a banda sonora das noites de Verão, em que tudo é possível e em que as lembranças se constroem e se desvelam.

Através de um campo referencial ligado ao tempo mítico do «Era uma vez..» e à memória das estórias que nos fascinam em criança, a jovem realizadora de Setúbal caminha por entre a bruma das lembranças que constroem as pessoas e que explicam rostos fechados. Ondulando na aura de uma brisa longínqua, o soldado surge-nos aprisionado num retrato de parede, a recordação que não se pode aceder tatilmente, a imagem que, inevitavelmente, se vai dissolvendo com o fim do Verão e o início de mais uma etapa de crescimento. 

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