Augusto Cabrita foi um atento fotógrafo, minucioso diretor de fotografia, detalhado documentarista e, em tudo e sempre a partir do Barreiro, assinatura para a relação entre a luz, a industrialização e as paisagens. No centro das suas imagens, as pessoas, as suas práticas e alguma melancolia pela passagem do tempo. Na televisão, na qual foi pioneiro, inventou um modo de narrar visualmente o país. No cinema, o diretor de fotografia que viria a ser figura cimeira de um cinema que procurava uma identidade mais próxima do que era um país a querer mudança, foi também o retratista dos bastidores, criando nos detalhes que ficavam de fora do plano final, a imagem de um cinema cheio de camadas, segredos e não-ditos.

Esta exposição, pensada para o Curtas, reúne material inédito do fotógrafo, em gentil, cúmplice e estreita colaboração com a sua família, para além de materiais depositados na Cinemateca Portuguesa – Museu do Cinema, e um conjunto de filmes e reportagens realizados para a RTP.