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François Reichenbach. O Cineasta Indiscreto
[CR] François Reichenbach 4

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71

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François Reichenbach, o Cineasta Indiscreto

François Reichenbach (1921-1993) é um dos nomes menos conhecidos (e menos lembrados) da Nouvelle Vague francesa.

Entre a música – estuda no Conservatório de Genebra e escreve canções para Édith Piaf – e a pintura – é “marchand“ de arte europeia para vários museus norte-americanos até que se torna falsário, algures nos anos 1970, inspirando e colaborando em “F for Fake“ (1973), de Orson Welles –, Reichenbach inicia-se no cinema em 1954, com filmes como “Nus masculin“. Paralelamente, e por intercedência do seu tio e renomeado produtor de cinema, Pierre Braunberger, realiza uma série de filmes-encomenda de pendor turístico, ora sobre Paris, ora sobre Nova Iorque. Será de ambos os lados do Atlântico que desenvolverá a sua carreira, maioritariamente dedicada ao documentário. Tendo realizado mais de uma centena de filmes (em todos os géneros e formatos, para cinema e para televisão, pornográficos e sobre música clássica, videoclipes, filmes etnográficos, cinema de intervenção política, colaborando tanto com Chris Marker como com Brigitte Bardot, tanto com Jean Cocteau como com Johnny Hallyday), uma retrospetiva dedicada à sua obra seria, necessariamente, incompleta.

Centrado exclusivamente na sua produção documental, este ciclo apropria-se do título de “L'indiscret“ (1969), filme paradigmático do percurso do realizador. A bordo de um navio chamado “France”, nas águas que ficam entre a Europa e as Américas, um jovem casal de manequins posa para um foto-romance sob o olhar dos restantes passageiros da embarcação, enquanto um cineasta (o “indiscreto”, interpretado pelo próprio Reichenbach) filma tanto as sessões fotográficas, quanto as reações dos turistas. Nesse filme tudo o que caracteriza o cinema do realizador franco-suíço se conjuga: o nacional e o intercontinental, a publicidade e o turismo, o exótico e o vulgar, o voyeurismo como forma documental e a encenação como (auto-)representação. É a partir deste filme, que se situa exatamente a meio da filmografia do realizador, que se propõe um percurso panorâmico sobre esta que é uma das obras mais ecléticas do cinema francês da segunda metade do século XX.

Embora tenha sido uma figura recorrente dos mais importantes festivais de cinema europeus durante a década de 1960 – recebeu a Palma de Ouro de Cannes com a média-metragem “La Douceur du village“ (1963), o Urso de Ouro de Berlim com outra média, “Portrait: Orson Welles“ (1968) e o prémio principal do festival de Locarno com a sua segunda longa-metragem “Un Coeur gros comme ça“ (1961) – e tenha recebido o Prix Louis Delluc (um dos mais prestigiados galardões do cinema francês) e o Oscar para Melhor Documentário (com o seu retrato do pianista Arthur Rubinstein), os seus filmes foram sendo esquecidos, à semelhança do que aconteceu com o seu amigo e também colaborador Guy Gilles. Apesar de ter corealizado filmes com cineastas tão marcantes quanto Chris Marker e Claude Lelouch, a atenção à sua obra foi-se reduzindo a apenas alguns títulos que ganharam, com os anos, valor de culto, em particular esse retrato irónico do movimento “flower power“, uma espécie de anti-Woodstock, “Medicine Ball Caravan“ (1971). A grande maioria dos seus filmes está, ainda hoje, inacessível (quando não mesmo perdida) e este ciclo dá conta da pequena parcela da sua obra que foi sendo recentemente digitalizada.

Da luta pelos direitos civis nos Estados Unidos, ao retrato da migração senegalesa em Paris nos anos 1960, passando pela denúncia das condições dos sistemas judiciais e militares americanos, ou da luta contra a guerra do Vietnam, o cinema de François Reichenbach pauta-se pelo olhar atento às questões que marcaram a sua geração: os desequilíbrios de poder, a falência das instituições e a queda das figuras de autoridade. A isso alia-se, não em contraste, mas em continuidade, o interesse pela arquitetura, pela paisagem e pelas vivências do quotidiano, tanto em França, como nos EUA, no Japão e, em particular no México (país onde viveu, que filmou amiúde, e a partir do qual construiu uma importante coleção de máscaras). Os seus filmes têm um interesse particular pelo inusitado, e o seu olhar distingue-se por uma atenção ao pormenor, que faz do banal algo grandioso, ou simplesmente insólito. Aquando da sua morte, em 1993, aos 70 anos, o Ministro da Cultura francês Jack Lang afirmou “perdemos um homem notável e um grande realizador, que ofereceu ao género documental a sua nobreza.”


A retrospetiva François Reichenbach, o cineasta indiscreto é uma coprodução entre a Casa do Cinema Manoel de Oliveira – Fundação de Serralves e o Curtas Vila do Conde – Festival Internacional de Cinema.

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